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VisagesKKKPedala

O plano da preocupação e da espera...

 

Tendo lido uma publicação em uma página qualquer de internet, ele correu, ávido, a visitar seu primo. F. ainda não conseguiu compreender ao certo as motivações deste seu familiar, tão próximo, que desde pirralho parece ter como uma de suas principais ocupações o incomodar outrem. Enfim, é mais ou menos isto que indicam as mais insistentes considerações de F. acerca daquele enfadonho.

Chegou lá, em casa do pentelho. “Tadinho, ainda nem tem trinta anos e acha que compreendeu todas as molas da iniquidade social”, pensava F. a caminhar. Sempre pronto a dar um sermão, V. nem gosta tanto de computador assim, mas, às vistas d’alguns, ele passaria o seu dia a concatenar e articular as mais peçonhentas facetas para aborrecer em rede. Um ventilador, sim, é como se a internet fosse uma espécie de ventilador onde ele joga aquela merda toda de velho adolescente, fruto de humor para si.

 

DesfilaKKKPedala

- Quer dizer que agora estás a comparar os racistas du sul dos Estados Unidos com os gordinhos de Recife, justamente quando finalmente decidiram fazer algo que preste que é andar de bicicleta? Endoidou foi? Endossou F., convencido de que seu primucho estava a delirar.

- Comparação certamente há; retrucou V..

- Eu queria ouvir mais.

- Quem eu para haver o que dizer? Sugiro, no entanto, que leias o atual “Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife”. A apresentação é assinada pelo governador de Pernambuco, o ilustríssimo e faustoso senhor Eduardo Henrique Accioly Campos. Ela é pequenininha, não hás de cansar-te, tu para quem o hábito de ler não chegou; somente treze modestos parágrafos – um átimo, se considerarmos as 313 páginas do documento, assim como as outras 66 do anexo.

- Ôxe, que tem o cu com as calças? Eu só queria entender a ligação entre o Ku-Klux-Klan e o Pedala PE que para ti está assim tão evidente, a ponto de ter aquelas duas fotos, ladeadas, na internet, publicamente.

- Vai lá, lê a apresentação do “Plano Cicloviário”. Verás que para o governador é evidente que não vai dar certo. A arquitetura nem é das mais sofisticadas. No sétimo parágrafo ele dá o tom da evidência de que difícil, custosa, laboriosa será a instalação das condições para a mobilidade do ciclista por aqui. Um tom de evidência é um tom de acordo, não é? Ele não diz, por exemplo, ‘eu’ sei, mas “Sabe-se, [...], que tratar o transporte não-motorizado na dimensão da mobilidade urbana atual não é uma tarefa fácil”. Sim, senhor governador, sabemos que não é tarefa fácil...

- E daí?...

- Daí que o plano está vinculado a uma abstração. Galhofeiro o nosso dirigente-mor; mandrião o povo.

GovPedalOlinda

 

- Sim, viagem tua. Uma acusação: como assim ‘abstração’.

- Basta ler o “Plano”, ou melhor, sua “Apresentação”. Depois de evidenciar que não é tarefa fácil a de tratar o transporte “não-motorizado” por aqui, há, todavia, a conjunção adversativa, chave conectiva do meu argumento. É difícil, “mas é uma preocupação fundamental das políticas públicas dos Estados e Municípios, que crescem preocupados com a sustentabilidade econômica, social e ambiental.” Trata-se, pois, do mais novo plano oriundo de uma preocupação de nossa era. São 379 páginas a partir das quais, mediante o que entende o garboso senhor Campos, “será possível estabelecer uma estratégia de enfrentamento aos problemas diagnosticados, definindo um conjunto de ações que deverão ser implementadas na Região Metropolitana do Recife nos próximos dez anos”, como poderás ler no 12° e penúltimo parágrafo, dos treze de 379 páginas, que o dito cujo d’olhos verdes e alvo sorriso, grande articulador, pertinaz perseguidor da estonteante cadeira do Planalto nos dá a ler com esmero. É o plano da preocupação com a possibilidade de, daqui uns dez anos, quem sabe, dizermos ser fácil a tarefa de implementar uma estrutura digna, ou dento d’ “o padrão encontrado” em “países desenvolvidos, em particular os da Europa”, para empregar palavras do 10° parágrafo.

- Hmm, percebo. É, mas, exageras dizendo ser a preocupação uma simples abstração.

- Certo. Então podes esperar, uns dez anos, quiçá, com fé. Ele mesmo, o apurado Eduardo Henrique, em seu parágrafo final, diz: “Espero que este Plano, que apresenta diretrizes para um sistema cicloviário dentro dos eixos de gestão, da legislação, da educação e da infraestrutura, ajude os municípios a trabalharem de forma planejada, criando suas próprias redes cicloviárias e vencendo os grande desafios da mobilidade”. Bom, sem contar com o pequeno erro de concordância de número (é grandes e não “grande”), é escandaloso o verbo flexionado “esperar”. Alcança ou cansa quem espera, afinal? Fala Eduardo de que substantivo, ‘espera’ ou ‘esperança’? A esperança de que o plano da preocupação com o transporte não motorizado AJUDE os municípios, que prova de delicadeza e cavalheirismo, oh grandioso governador. Primeiro gentilhomme e, em seguida, um camarada de luta, rumo à vitória sobre “os grandes desafios da mobilidade”.

- Bom. Lerei o tal “Plano”.

- Pois é. Depois da tua leitura, caro primo, falaremos melhor, acho, sobre a comparação com o KKK, os racistas do sul dos EUA, como dizes com precisão. Os pontos de legalidade, legislação, gestão, demarcação de território são os comparáveis. Outro elemento é o do ajuntamento nas ruas. Grandes são os desafios para quem pedala na dimensão da mobilidade urbana, meu caro. São quase 400 páginas somente de diretriz para que, mediante espera ou esperança, os desfiles de hoje, que servem para injetar um soro fisiológico na venda de suntuosas “bikes” que geralmente permanecem paradas nos apartamentos da classe média – haja vista que o espetáculo da ciclofaixa se dá somente no domingo –, acarretem em elemento de infraestrutura. Depois da leitura... e veremos que há por trás do desfile padronizado, da padronização d’um comportamento, d’uma prática... Depois da tua leitura...

- Tá. Agora mudemos de assunto...

E assim eles passaram a falar de linhas mais gerais da atual mecânica jornalística cibernética, durante somente alguns poucos minutos mais, pois a curiosidade de F. formigava em seu escalpo. Dali a três quartos de hora já estava diante de seu computador, a ler o governador...

O plano da preocupação e da espera...

 

Tendo lido uma publicação em uma página qualquer de internet, ele correu, ávido, a visitar seu primo. F. ainda não conseguiu compreender ao certo as motivações deste seu familiar, tão próximo, que desde pirralho parece ter como uma de suas principais ocupações o incomodar outrem. Enfim, é mais ou menos isto que indicam as mais insistentes considerações de F. acerca daquele enfadonho.

Chegou lá, em casa do pentelho. “Tadinho, ainda nem tem trinta anos e acha que compreendeu todas as molas da iniquidade social”, pensava F. a caminhar. Sempre pronto a dar um sermão, V. nem gosta tanto de computador assim, mas, às vistas d’alguns, ele passaria o seu dia a concatenar e articular as mais peçonhentas facetas para aborrecer em rede. Um ventilador, sim, é como se a internet fosse uma espécie de ventilador onde ele joga aquela merda toda de velho adolescente, fruto de humor para si.

- Quer dizer que agora estás a comparar os racistas du sul dos Estados Unidos com os gordinhos de Recife, justamente quando finalmente decidiram fazer algo que preste que é andar de bicicleta? Endoidou foi? Endossou F., convencido de que seu primucho estava a delirar.

- Comparação certamente há; retrucou V..

- Eu queria ouvir mais.

- Quem eu para haver o que dizer? Sugiro, no entanto, que leias o atual “Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife”. A apresentação é assinada pelo governador de Pernambuco, o ilustríssimo e faustoso senhor Eduardo Henrique Accioly Campos. Ela é pequenininha, não hás de cansar-te, tu para quem o hábito de ler não chegou; somente treze modestos parágrafos – um átimo, se considerarmos as 313 páginas do documento, assim como as outras 66 do anexo.

- Ôxe, que tem o cu com as calças? Eu só queria entender a ligação entre o Ku-Klux-Klan e o Pedala PE que para ti está assim tão evidente, a ponto de ter aquelas duas fotos, ladeadas, na internet, publicamente.

- Vai lá, lê a apresentação do “Plano Cicloviário”. Verás que para o governador é evidente que não vai dar certo. A arquitetura nem é das mais sofisticadas. No sétimo parágrafo ele dá o tom da evidência de que difícil, custosa, laboriosa será a instalação das condições para a mobilidade do ciclista por aqui. Um tom de evidência é um tom de acordo, não é? Ele não diz, por exemplo, ‘eu’ sei, mas “Sabe-se, [...], que tratar o transporte não-motorizado na dimensão da mobilidade urbana atual não é uma tarefa fácil”. Sim, senhor governador, sabemos que não é tarefa fácil...

- E daí?...

- Daí que o plano está vinculado a uma abstração. Galhofeiro o nosso dirigente-mor; mandrião o povo.

- Sim, viagem tua. Uma acusação: como assim ‘abstração’.

- Basta ler o “Plano”, ou melhor, sua “Apresentação”. Depois de evidenciar que não é tarefa fácil a de tratar o transporte “não-motorizado” por aqui, há, todavia, a conjunção adversativa, chave conectiva do meu argumento. É difícil, “mas é uma preocupação fundamental das políticas públicas dos Estados e Municípios, que crescem preocupados com a sustentabilidade econômica, social e ambiental.” Trata-se, pois, do mais novo plano oriundo de uma preocupação de nossa era. São 379 páginas a partir das quais, mediante o que entende o garboso senhor Campos, “será possível estabelecer uma estratégia de enfrentamento aos problemas diagnosticados, definindo um conjunto de ações que deverão ser implementadas na Região Metropolitana do Recife nos próximos dez anos”, como poderás ler no 12° e penúltimo parágrafo, dos treze de 379 páginas, que o dito cujo d’olhos verdes e alvo sorriso, grande articulador, pertinaz perseguidor da estonteante cadeira do Planalto nos dá a ler com esmero. É o plano da preocupação com a possibilidade de, daqui uns dez anos, quem sabe, dizermos ser fácil a tarefa de implementar uma estrutura digna, ou dento d’ “o padrão encontrado” em “países desenvolvidos, em particular os da Europa”, para empregar palavras do 10° parágrafo.

- Hmm, percebo. É, mas, exageras dizendo ser a preocupação uma simples abstração.

- Certo. Então podes esperar, uns dez anos, quiçá, com fé. Ele mesmo, o apurado Eduardo Henrique, em seu parágrafo final, diz: “Espero que este Plano, que apresenta diretrizes para um sistema cicloviário dentro dos eixos de gestão, da legislação, da educação e da infraestrutura, ajude os municípios a trabalharem de forma planejada, criando suas próprias redes cicloviárias e vencendo os grande desafios da mobilidade”. Bom, sem contar com o pequeno erro de concordância de número (é grandes e não “grande”), é escandaloso o verbo flexionado “esperar”. Alcança ou cansa quem espera, afinal? Fala Eduardo de que substantivo, ‘espera’ ou ‘esperança’? A esperança de que o plano da preocupação com o transporte não motorizado AJUDE os municípios, que prova de delicadeza e cavalheirismo, oh grandioso governador. Primeiro gentilhomme e, em seguida, um camarada de luta, rumo à vitória sobre “os grandes desafios da mobilidade”.

- Bom. Lerei o tal “Plano”.

- Pois é. Depois da tua leitura, caro primo, falaremos melhor, acho, sobre a comparação com o KKK, os racistas do sul dos EUA, como dizes com precisão. Os pontos de legalidade, legislação, gestão, demarcação de território são os comparáveis. Outro elemento é o do ajuntamento nas ruas. Grandes são os desafios para quem pedala na dimensão da mobilidade urbana, meu caro. São quase 400 páginas somente de diretriz para que, mediante espera ou esperança, os desfiles de hoje, que servem para injetar um soro fisiológico na venda de suntuosas “bikes” que geralmente permanecem paradas nos apartamentos da classe média – haja vista que o espetáculo da ciclofaixa se dá somente no domingo –, acarretem em elemento de infraestrutura. Depois da leitura... e veremos que há por trás do desfile padronizado, da padronização d’um comportamento, d’uma prática... Depois da tua leitura...

- Tá. Agora mudemos de assunto...

E assim eles passaram a falar de linhas mais gerais da atual mecânica jornalística cibernética, durante somente alguns poucos minutos mais, pois a curiosidade de F. formigava em seu escalpo. Dali a três quartos de hora já estava diante de seu computador, a ler o governador...ginas do documento, assim como as outras 66 do anexo.

 

Por Franc-Parler



E como canta

 

Palavra em play-back cantada

 

Talvez, quem sabe, porventura, assim, hipoteticamente, nem que tão somente à feição de sugestão, teria o adulto qualquer, presente na praça da jaqueira dia vinte e sete de fevereiro passado, quinta-feira da semana pré do carnaval mais ovacionado da galáxia – segundo os pernambuquistas –, teria ele, o adulto, tutor, mãe ou pai, tia ou tio, por casualidade, caso soubesse, escrito algumas linhas de repúdio à demonstração de desdém da prefeitura da cidade Recife para com os seus cidadãos...

Uma hora e meia de atraso e o tal do Palavra Cantada entrou dando mostra de como articular play-back e discretas notas de instrumento musical. Uma hora e meia em que bambinas e bambinos, pequerruchas e pequerruchos de todas as gradações etárias aguardavam, mais ou menos pacientemente, o surgir daquela grande atração. Ademais, seja dito de passagem, eu ousaria dizer que a maioria daqueles infantes sequer sabiam que estavam ali para ver um grupo julgado bom por seus pais – afinal, que é a educação, como teria dito Arendt em meu lugar, senão o inculcar aos novos chegados, recém-chegados, de tudo aquilo que por aqui já está consagrado? O Palavra Cantada é julgado bom pelos pais, são eles que vão, ao redor de uma mesa de bar, enfiando goela abaixo os litros desse líquido malcheiroso a que habituaram-se chamar cerveja, tecer comentários elitistas acerca da distinção que emana da por assim dizer boa música para crianças feita pelo grupo tal. – Oh, que legal, vai ter Palavra Cantada hoje na Jaqueira? Vai lá que vale a pena. Disseram-me, com algumas pequenas variações, quase todos a quem falei para onde eu ia, quinta-feira passada. É a moda, o Palavra Cantada é moda. Uma moda que atrasou uma hora e meia e entrou com um play-back abafado, como que tocando de dentro de uma cacimba.

Umas poucas vaias foram ensaiadas, antes e durante, mas ficou por isso mesmo. Uma palhaçada. Digna de circo? Ou de carnaval? Pois é, caros leitores, atentos leitores, quão caluniada a palavra palhaço. Não! Desdigo-me, não foi uma palhaçada; foi apenas mais uma demonstração de que a administração de nossa idolatrada cidade não endossa qualquer respeito pelos seus cidadãos. E tudo o que pude ouvir como comentário durante o processo foram coisas do tipo: – quando é um show para adultos, ainda dá para entender que haja atraso, mas pra criança é pra se lascar... Pois é, como se os cansados na história não fossem, justamente, os adultos. Eles estavam, quando estavam, a ralhar em virtude de seu próprio cansaço. Mórbidos, sedentários, flácidos, preferiram, uma boa parte deles, desistir e ir embora. E, como sabemos que a memória é curta, amanhã já terão esquecido de toda aquela infâmia. Além do mais, dentre os que vaiavam mesmo, quantos eram, gostaria eu de perguntar, quantos eram os que estavam de fato dispostos a repudiar e boicotar?

Como exemplo eu citaria a careta feita por um dos pais, que estava com feições de cansaço e indignação, quando eu disse: – é Recife! Para esclarecer-vos, leitores, eu disse isso depois de um comentário seu, alto, para que todos pudessem ouvir, que foi mais ou menos assim: – isso é um absurdo, cheguei aqui às três horas da tarde (seis da tarde quando falou), parece até que eles estão fazendo isso de graça (referindo-se, óbvio, ao Palavra Cantada). Pois bem, quando eu lembrei-lhe que aquele tipo de desagrado é comum em nossa cidade, ele retrucou: – isso é em qualquer lugar. Eu disse: – eu já assisti a concertos e espetáculos em várias cidades e, na maioria delas, chegar atrasado significa perder o começo. – Ah, aí eu não sei, eu só assisto a shows em Recife, respondeu ele, com tom ranzinza, demonstrando que, no mínimo, eu estava indo longe demais. Não é para mexer com a cidade querida do coração, sobretudo em se tratando de alguém que já morou em outros lugares e, menos ainda, de um forasteiro. Não, em absoluto. Jamais aproveitar-se-ia para educar os filhos quanto ao caráter torpe, ignóbil, repugnante e condenável da sociedade do espetáculo em geral, e em particular daquilo que é feito em nossa cidade neste setor. Jamais começariam mães e pais, a partir dali, a instruir quanto à imundície dos conchavos entre o poder público e a chamada produção cultural. Pouco importa o atraso, vira conversa de mesa de bar. E, de qualquer maneira, tendo em vista as condições quotidianas de nossa cidade, qualquer coisa ali era divertido para as crianças. Correr, pular, dar cambalhota, foi o que fiz com as quatro crianças que acompanhei, primas e sobrinhas (a mais velha tem sete anos). Mas, para os gordinhos que só se locomovem de carro, a coisa fica mais difícil né?

E, para não esquecer nem fazer pouco, é importante salientar que, mediante a asserção daquele adulto acima, se fosse voluntária a participação do Palavra Cantada – ou qualquer outro grupo –, daria para entender. Especulou-se acerca de quanto teriam eles, os componentes do grupo, recebido da prefeitura para fazer aquele espetáculo. Continuamos com aquela ideia: “ganha tanto dinheiro e faz isso”. Dizemos essas coisas quando um milionário jogador de futebol perde um pênalti, por exemplo.

Pois é, caros recifenses preocupados com os rumos de nossa cidade, centenas de crianças, nossos filhos, ali estavam experimentando suas primeiras doses de sucedâneo de folia, de alegria, de diversão. Centenas de crianças metropolitanas começando a conviver com ausência de soberania, dignidade e respeito: assim cresce o recifense. Enquanto isso, nossos dirigentes – ou quaisquer endinheirados, independente de seus postos, casta ou clã – gozam da sofisticação dos camarotes, aqui, em Salvador, São Paulo ou Rio de Janeiro. E os canos estourados ou o corte de eletricidade – para suprir às bombas de luz do Bairro do Recife – nos bairros de periferia (sob o pontilhão da estação Mangueira tem água que não acaba mais) fazem parte da festa da pauperização da população. Viva o carnaval: nois sofre mas nois goza.

 

Por Franc-Parler